Nossa compostagem é realizada no Laboratório de Resíduos Sólidos e Compósitos - RESIDUALL, na Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu/SP. No nosso método de compostagem são utilizadas composteiras (baias) de concreto de 1m³ cada, num total de 32 baias. Todas possuem canos coletores para o biofertilizante, que é levado para uma caixa de armazenamento. Dentro de cada baia é feita a pilha de compostagem, com aproximadamente 700 kg de materiais por pilha, sendo 400 kg de resíduos orgânicos e 300 kg de resíduo seco (matéria fonte de carbono). Utilizamos serragem de Pinus sp (maravalha ou pó). A cada nova pilha que é iniciada, primeiro é feita uma camada de serragem (“cama”). Na sequência é colocada uma camada de resíduo orgânico, o qual é totalmente coberto com uma camada espessa de serragem. Os resíduos são cuidadosamente arrumados dentro de cada baia com o auxílio de um garfo ou pá, assim como a cobertura de serragem.

Um dos brindes que você pode escolher mensalmente ao destinar seu resíduo orgânico com o Ciclo Limpo é o composto orgânico. Esse composto é proveniente da compostagem dos resíduos orgânicos da sua casa ou estabelecimento. 
O outro brinde que você pode escolher mensalmente  é uma muda de hortaliça ou tempero. A cada mês oferecemos uma variedade de muda diferente. Por exemplo, em 2020 já distribuímos mudas de couve, brócolis, anis, pimenta e mostrada. 
A distribuição das mudas para as pessoas é uma forma de engajá-las nos cuidados com o meio, além de despertar nelas o interesse em plantar, cuidar e colher os alimentos em sua própria casa. Você pode plantá-las nos seus vasos, horta ou jardim.
As mudas são produzidas utilizando o composto orgânico proveniente da nossa compostagem. A distribuição, ou melhor, a devolução destes brindes para os participantes é uma das formas através da qual prestamos contas do que estamos fazendo com o resíduo das delas. 

Saber a quantidade de resíduos orgânicos que está sendo coletada é importante por alguns motivos: 

1. Nosso processo de compostagem é feito pelo método de pilhas. Para a montagem de cada pilha, precisamos saber quantos quilos de resíduos serão colocados para colocarmos a proporção correta de matéria seca (na compostagem, é preciso ao menos 2 tipos de materiais: um que seja fonte de nitrogênio – neste caso são os resíduos orgânicos, e outro que seja fonte de carbono – neste caso são as “matérias secas”, como folhas secas, aparas de grama, serragem, entre outros). Para um bom processo de compostagem, estes materiais precisam ser colocados na proporção adequada (acompanhe nossas próximas postagens pois detalharemos como nós fazemos a compostagem); 

Quando você recebe seu balde do Ciclo Limpo em casa para começar a separar seus resíduos orgânicos, a gente combina o dia da semana em que faremos sua coleta. Será sempre no mesmo dia da semana, que deve ser um dia diferente da coleta convencional (“lixo comum”) ou minimamente num período diferente. A gente também combina o período em que será realizada a sua coleta (manhã ou tarde).

A gente não consegue precisar o horário, pois conforme entram novos participantes, estes são encaixados no nosso roteiro, e sua coleta poderá acontecer um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde. E cada vez mais pessoas estão participando deste ciclo com a gente. Mas a gente consegue dar uma boa estimativa de horário, caso essa informação seja importante para você. 

As coletas podem ser realizadas 1 x / semana (Plano Semanal) ou a cada 15 dias (Plano Quinzenal). O que define o pacote a ser escolhido é a quantidade de resíduos orgânicos que você e sua família geram.

 O balde é um símbolo do nosso trabalho de coleta dos resíduos orgânicos. Ele é tão importante que alguns o chamam carinhosamente de “baldinho” do Ciclo Limpo. Ele representa a separação dos resíduos orgânicos que começa a acontecer dentro da casa das pessoas. Ele representa a mudança de hábito e de atitude na forma como as pessoas lidam com seus resíduos. Ele começa a fazer parte da vida, do cotidiano e das casas destas pessoas. Depois deste primeiro parágrafo romântico, que foi praticamente uma declaração de amor ao balde, é preciso dizer que somado ao seu simbolismo e à sua representatividade, o balde tem uma função prática muito importante. Então vamos lá:

- Cada residência que participa do Ciclo Limpo um balde que 18 litros que serve para acondicionar os resíduos orgânicos até o dia da coleta. Ele também possui alça para facilitar o seu manuseio;

- A cada coleta você recebe um novo saco para colocar dentro do balde, onde serão colocados os resíduos;

Responda sinceramente: quando você mistura todo seu “lixo” naquele saco preto, coloca para fora e o lixeiro leva, para onde seu lixo está indo? Você sabe dizer? Já parou para pensar a respeito? Imagine a hipótese do seu saco de lixo ser levado para um local inadequado, sem tratamento e que polua o meio ambiente. De quem seria a responsabilidade? Do poder público? Só? Se você respondeu “não sei” para a pergunta inicial, perceba que a responsabilidade pode ser sua também. 

Mas vamos lá. Se você mora em Botucatu, a hipótese acima felizmente não traduz nossa realidade. Até 1994, Botucatu depositava seus resíduos sólidos em uma área situada no Bairro Vila Real, era o antigo lixão da Vila Real. A partir daquele ano, todos os resíduos sólidos coletados na área urbana e rural do município passaram a ser destinados para o Aterro Sanitário Municipal, localizado na Rodovia Eduardo Zucari, Km 2,5, área que pertencente à Bacia Hidrográfica do Paranapanema. O aterro possui licença de operação emitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. 

Os dados oficiais brasileiros mostram essa triste realidade de que somente 1% das cidades do país tem alguma ação com compostagem. Ou seja, estamos falando apenas de 56 cidades (arredondando para cima), num total de 5.570 municípios. É pouco. Muito pouco. É triste. Ridículo. Preocupante. Vamos relembrar algumas informações importantes que contamos para vocês nas publicações anteriores:

- O Brasil gera 220 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia;

- Pelo menos metade deste montante é resíduo orgânico, ou seja, 110 mil toneladas;

- Além de ser o resíduo mais abundante, sua destinação correta através da compostagem é fácil, de relativo baixo custo e traz inúmeros benefícios ambientais;

- Além disso tudo, o resíduo orgânico é o único que pode ser reciclado em nossas casas, através de diferentes técnicas de compostagem caseira. 

A compostagem é a reciclagem dos resíduos orgânicos, através da qual estes resíduos são transformados em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico, que é o termo correto para o adubo produzido. A degradação de material orgânico ocorre naturalmente no ambiente. Ou melhor, deveria ocorrer. Infelizmente quase a totalidade dos resíduos orgânicos gerados no Brasil hoje (o que corresponde a mais da metade de todos os resíduos gerado por nós), sofrem o soterramento nos aterros e lixões, impossibilitando sua biodegradação.

Como já explicamos nas publicações anteriores, aquilo que jogamos “fora” pode ser dividido em, basicamente, dois tipos: os rejeitos, que devem ser encaminhados a aterros sanitários por não serem passíveis de reuso ou processo de transformação e os resíduos, que são a porção reaproveitável, mas que não nos servem mais em dado momento. No Brasil, cerca de 80% do que jogamos na lixeira é resíduo e deveria, de acordo com nossa legislação, ser recuperado ou reciclado por algum processo, nem chegando a ser disposto em aterros sanitários. Deste total, algo em torno de 30% é resíduo reciclável seco, onde classificamos os papéis, plásticos, metais e vidros, além de alguns materiais cuja reciclagem ainda é pouco realizada devido a dificuldades técnicas, como os eletrônicos por exemplo. Todo o restante, ou seja, METADE do que jogamos na lixeira, é RESÍDUO ORGÂNICO. 

Nosso país gera resíduos suficiente para encher um estádio de futebol a cada 2 dias! Em média, cada brasileiro gera pouco mais de 1 kg de resíduos por dia. De todo esse resíduo gerado, cerca de 17 mil ton/dia sequer são recolhidas junto aos locais de geração. Há um número considerável de pessoas que não são alcançadas por serviços regulares de coleta porta a porta. Do montante que é recolhido diariamente, 90% é disposto no solo, sem nenhum tipo de reaproveitamento ou reciclagem: em lixões, aterros controlados ou aterros sanitários. 

Mas qual é a diferença entre eles? Que impacto as diferentes formas de destinação dos resíduos geram no meio ambiente e na sociedade? 

Página 1 de 2